Tecendo a Manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
João Cabral de Melo Neto
É muito interessante esse poema, pois o poeta usou uma figura de linguagem muito importante que é a Elipse. Neste poema percebemos que um galo não tece sozinho a manhã, é preciso outros galos para que assim se possa tecer a manhã, assim como uma palavra não tece um texto, e sim um conjunto de palavras bem colocadas para juntas conseguirem forma-lo. Este texto reflete a sociedade em que vivemos, pois uma única pessoa não faz uma sociedade.
Camille Togo e Ana Beatriz Faria | 19 de abril de 2011 às 18:02
Legal!
Uma forma mais descontraída de aprender o português.